Evidências de fraude na pesquisa da doença de Alzheimer

Em 2006, Lesné et al. publicaram na Nature o artigo “A specific amyloid-β protein assembly in the brain impairs memory”, concluindo :

Nós propomos que a proteína amiloide A-beta*59 é a causa da amnésia, independente de placas ou perda neural, e pode contribuir para o déficit cognitivo associado à doença de Alzheimer.

Desde a publicação dessa pesquisa, a hipótese do depósito anormal de proteína amiloide no cérebro passou a ser o motor de toda a pesquisa de novos tratamentos farmacológicos para essa doença degenerativa. Um exemplo de droga desenvolvida com esse propósito é o Aducanumab (Aduhelm), da Biogen, aprovado pela FDA. Esse medicamento realmente reduz os depósitos proteicos cerebrais, o que foi confirmado por exames de ressonância nuclear magnética encefálica antes e após o tratamento. Um fato intrigante, entretanto, é que não há melhora clínica, e os pacientes tratados continuam amnésicos. Outra medicação em testes, o Simufilam, da Farmacêutica Casava Sciences, segue a mesma linha.

Entretanto, um artigo publicado em julho de 2022 na prestigiosa revista Science relata que Matthew Schrag, um neurologista e neurocientista da Universidade Vanderbilt, denunciou sérios indícios de manipulação das imagens publicadas na pesquisa original de Lesné e colaboradores. Dois analistas de imagens independentes contratados pela revista Science confirmaram os indícios de manipulação dos dados. As revistas nas quais as pesquisas do grupo de Lesné foram publicadas dizem que estão conduzindo investigações que poderiam resultar até em retratação e retirada desses trabalhos.

Essa é uma péssima notícia, dado que somente o National Institutes of Health (NIH) já gastou aproximadamente 1,6 bilhões de dólares em projetos que mencionam amiloides neste ano fiscal, o que significa metade da sua verba para a pesquisa da doença de Alzheimer. Outros cientistas que buscam causas alternativas para a doença de Alzheimer frequentemente reclamam que são preteridos em favor da “máfia do amiloide”.

Se confirmadas, essas denúncias encerrarão 16 anos de pesquisas caras e inúteis causadas por pesquisadores de má-fé. A comunidade acadêmica e as editoras de periódicos devem estar sempre vigilantes e cumprir o seu dever moral e ético de garantir a honestidade na divulgação de pesquisas científicas!

Written on August 20, 2022