Estudo em ratos mostra que a microflora intestinal pode estar diretamente ligada ao autismo

Um estudo publicado hoje na revista Cell abre uma nova linha de pesquisa para a terapêutica dos sinais e sintomas do autismo.

Os autores colonizaram os intestinos de ratos livres de germes com microflora intestinal de crianças portadoras de desordem do espectro autista (DEA) e de crianças com desenvolvimento típico, normal (DT).

Os ratos transplantados com microorganismos intestinais de pessoas com DEA passaram a mostrar comportamentos autistas, tais como ações repetitivas, tornaram-se menos sociáveis e se movimentavam menos do que os ratos com microorganismos de crianças do grupo DT.

“Os nossos dados em ratos sugerem que as alterações no microbioma de indivíduos autistas condicionam os comportamentos típicos do autismo”, disse Gil Sharon, uma microbiologista que liderou os trabalhos juntamente com Sarkis Mazmanian.

Os pesquisadores demonstraram que os ratos com microorganismos intestinais de pessoas com DEA têm falta de dois metabólitos, a taurina e o 5AV, que as bactérias ajudam a sintetizar. A taurina é essencial para o desenvolvimento cerebral, e o 5AV é um anticolvulsivante em ratos. Quando os pesquisadores administraram taurina ou 5AV aos ratos com essas deficiências, eles reduziram os comportamentos repetitivos e se tornaram mais sociáveis.

Os achados abrem a possibilidade de novas formas de tratamento e diagnóstico do autismo, dizem Sharon e Mazmanian. Eles planejam investigar a possibilidade de usar probióticos, transplantes de microbioma fetal e administração de metabólitos a pacientes.

Written on June 1, 2019