Aula 4-Como funciona e quais são os riscos da EMTr?
Respostas às questões da Aula 3: 1d;2d;3a.
Estudos de neuroimagem mostram redução do metabolismo no córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL) esquerdo,contrastando com atividade aumentada no CPFDL direito, em pacientes com depressão (Koenigs and Grafman 2009)1. Estudos com EMTr sobre o córtex motor revelam que a EMTr de alta frequência aumenta a excitabilidade cortical e a EMTr de baixa frequência reduz essa excitabilidade.
A EMTr de alta frequência à esquerda é uma tentativa de aumentar e normalizar a excitabilidade do CPFDL esquerdo; o mesmo raciocínio se aplica ao uso da EMTr inibitória dirigida ao CPFDL direito.
Os efeitos duradouros do tratamento com EMTr, mesmo após terminadas as sessões, poderiam advir do restabelecimento de mecanismos fisiológicos de manutenção dos níveis normais de excitabilidade cortical pré-frontal. Não é possível excluir, entretanto, mecanismos de indução de plasticidade cortical, como fenômenos semelhantes à potenciação de longo prazo (LTP), brotamento axonal e até mesmo indução de expressão gênica (Stock et al. 2012)2.
Um dos mecanismos responsáveis pelos efeitos da EMTr é a LTP.
Possíveis riscos:
A principal complicação potencial da EMTr é a indução de uma crise convulsiva, o que pode ocorrer em 1 a cada 30.000 sessões de tratamento (0,003%)(Perera et al. 2016)3. Síncope vaso-vagal pode ocorrer durante a EMTr e deve ser diferenciada de episódio convulsivo (Riedel et al. 2016)4. O risco de convulsão é maior com a estimulação de alta frequência.
O ruído alto do disparo repetido da bobina é potencialmente danoso ao sistema auditivo, motivo pelo qual é recomendado o uso de plugs de ouvido pelo paciente e pelo aplicador da EMTr.
São consideradas contraindicações à EMTr a presença de marca-passo cardíaco, defeitos no crânio e implantes metálicos intracranianos, como, por exemplo, clipes de aneurismas.
Como não há contraindicação à EMTr durante a gravidez, ela pode ser uma alternativa aos fármacos antidepressivos em gestantes com transtorno depressivo maior (TDM).
Questões:
- Na depressão:
- a. Os estudos de neuroimagem mostram hipoatividade do CPFDL esquerdo;
- b. Os estudos de neuroimagem mostram hiperatividade do CPFDL direito;
- c. A EMTr de baixa frequência é utilizada na depressão sobre o CPFDL esquerdo;
- d. “a” e “b” estão corretas.
- A principal complicação da EMTr é:
- a. Amnésia;
- b. Síncope;
- c. Crise convulsiva;
- d. Surdez.
- São contraindicações à EMTr:
- a. Gravidez;
- b. Marca-passo cardíaco;
- c. Implantes metálicos intracranianos;
- d. “b” e “c” estão corretas.
Anote e confira as suas respostas na próxima aula! Até lá!
Referências:
-
Koenigs, M., and Grafman, J. 2009. The functional neuroanatomy of depression: distinct roles for ventromedial and dorsolateral prefrontal cortex. Behav. Brain Res. 201 (Aug): 239-243. ↩
-
Stock, M., Kirchner,B., Waibler,D., Cowley,D.E., Pfaffl,M.W. and Kuehn, R. 2012. Effect of magnetic stimulation on the gene expression profile of in vitro cultured neural cells.Neurosci. Lett. 526 (Sep): 122-127. ↩
-
Perera, T., George,M.S., Grammer,G., Janicak,P.G., Pascual-Leone, A. and Wirecki, T.S. 2016. The Clinical TMS Society Consensus Review and Treatment Recommendations for TMS Therapy for Major Depressive Disorder. Brain Stimul 9: 336-346. ↩
-
Riedel, P., Korb,F.M., Karcz, T., and Smolka, M.N. 2016. Witnessing loss of consciousness during TMS-Syncope in contrast to seizure. Clinical Neurophysiology Practice 1:58-61. ↩